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9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas

Salvador, Bahia - Brasil, 20 a 23 de setembro de 2005

BVS4

4ª Reunião de Coordenação Regional da BVS

19 e 20 de setembro de 2005

14/09/2005

Brasil sedia congresso mundial de informação em saúde

Profissionais de mais de 50 países propõem como divulgar a informação existente em saúde para tomadores de decisão, profissionais de saúde pesquisadores e a população em geral, de forma democrática e igualitária, independente de tempo, espaço condições econômicas, sociais ou culturais

Nos dias 20 a 23 de setembro de 2005, a cidade de Salvador, Brasil, será a capital do mais importante congresso em informação em saúde. Pela primeira vez na América Latina, o 9º Congresso Mundial de Informação em Saúde (ICML 9 -http://www.icml9.org) trará especialistas de todo o mundo para discutir o Compromisso com a Eqüidade.

Organizado pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME/OPAS/OMS), a IFLA–Federação Internacional de Associações de Bibliotecas, e o Ministério da Saúde do Brasil, o ICML 9 parte do princípio que somente pela informação e conhecimento é que se aumenta a qualidade de saúde humana. E defende que essa informação deve ser de livre acesso a todos. Como chegar a isso?

Essa questão tem respostas que vão desde políticas de governos em prol do compartilhamento de informação, passam por tecnologias que possibilitem o acesso, e envolvem mudanças de paradigmas na relação da sociedade com a sua saúde e seu conhecimento sobre saúde. Cada um dos seis painéis apresentados no congresso abordará um desses aspectos. Com a visão de especialistas dos quatro cantos do mundo.

A organização do congresso espera finalizar o evento sem a pretensão de esgotar o tema, mas apontando caminhos a serem seguidos por governos, instituições de pesquisa e ciência, gestores de saúde e profissionais da saúde. Um compromisso pela busca da eqüidade no acesso à informação e ao conhecimento científico - condição essencial para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.

São esperados mais de 1.500 participantes. Na solenidade de abertura do evento, no dia 20 de setembro, está confirmada a presença da Diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Mirta Roses.

Nos três dias de congresso, o programa científico e as sessões paralelas abordarão a discussão sobre as seguintes questões:

Painel 1 - Como podemos conseguir informação para todos?

As organizações voltadas para o desenvolvimento mundial, as autoridades e a sociedade civil dos países em desenvolvimento concordam que o uso do conhecimento e da informação científica é essencial para o desenvolvimento sustentável. E não só isso. É primordial para superar as iniqüidades sociais, em particular na saúde.

Como fazer com que a informação produzida no mundo na área de saúde se transforme em benefícios concretos à população? O primeiro passo é conseguir disponibilizar essa informação a todos, diminuindo a brecha social existente.

Quais têm sido os avanços reais na cooperação internacional para o acesso eqüitativo à informação científica e o conhecimento em saúde? Como a sociedade civil está se convertendo em um ator decisivo, ao se apropriar dos benefícios da crescente disponibilidade da informação e do conhecimento?

Essas questões serão debatidas por especialistas, como Paulo Ernani Vieira, que apresentará o que o SUS está fazendo nesse sentido. Além dele, Adama Samasséko, presidente da Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação das Nações Unidas falará sobre inclusão digital.

Painel 2 - Como combinamos o rigor das evidências científicas com a participação democrática nas decisões relacionadas com a saúde?

O conhecimento científico é um processo cumulativo que evolui continuamente trazendo evidências para apoiar o processo de tomada de decisão. Há uma contradição entre as políticas baseadas em evidências e a participação pública no processo de tomada de decisão.

Quais são os desafios para estabelecer políticas de saúde baseada em evidências científicas? Quais são os desafios para os serviços de saúde e para os profissionais da saúde?

Neste painel, Ian Chalmers, ex-presidente da Cochrane e editor da James Lind Library, no Reino Unido, irá apontar as falhas escandalosas dos cientistas no processo de pesquisas, que por vezes resultam em desperdício de dinheiro público. E mostra como sair desse círculo vicioso.

Junto com ele, Anca Dumitrescu, diretora do escritório da OMS para Europa apresentará o que a organização pensa e quais as políticas que propõe para que as evidências apontadas em pesquisas científicas sejam efetivamente adotadas na prática.

Painel 3 - e-Saúde e e-Paciente: surge uma nova cultura de participação nas decisões de saúde?

A tecnologia da comunicação chegou ao consultório médico. Os profissionais de saúde estão prontos para o paciente virtual?

As tecnologias da informação, por muitos anos têm apoiado a maior parte do processo relacionado com o planejamento em saúde, a promoção, a pesquisa, a educação, a comunicação e, com mais repercussão pública, a atenção em saúde. Agora ela avança para a relação direta entre médico e paciente. Prontuários eletrônicos, informação sobre saúde disponível na internet, exames e consultas via e-mail, são apenas alguns aspectos dessa nova relação.

O aumento recente do uso dos dispositivos, procedimentos e da comunicação nos processos de saúde provocarão uma mudança na maneira em que a saúde é percebida e atendida? É possível medir o impacto social das tecnologias de informação? Como a tecnologia da informação pode contribuir para empoderar e transformar os serviços de saúde?

Todos esses tópicos serão discutidos pelo consultor da OMS Salah Mandil, que mostrará como essa relação está se construindo nos Estados Unidos e na Europa, e por Sally Stansfield, da Fundação Bill Gates.

Painel 4 - Como garantimos que as bibliotecas de saúde cumpram sua vocação de prover as necessidades de informação em saúde da sociedade?

O volume de informações produzidas e disponibilizadas sobre saúde é imenso e disso todos já sabem. Que a qualidade dessas informações pode variar do máximo para o mínimo, especialmente se considerarmos a internet, também é um assunto antigo.

O que resta saber é como as pessoas irão lidar com esse volume de conhecimento (que gera estresse, depressão, sensação de falta de informação) e de que maneira irão classificar e escolher o que é melhor.

A biblioteca que antes funcionava principalmente como um repositório de conhecimento, agora deve assumir o papel de classificador dessa informação. É a intermediária entre o mar de dados disponível e quem precisa de conhecimento confiável. As bibliotecas – físicas ou virtuais – estão prontas para isso? Como não cair na tentação de ser o filtro, a “censura”, da informação?

Diretores das principais bibliotecas de medicina do mundo estarão juntos para debater sobre o assunto. O destaque do painel é Mary Joan Tooey, presidente da Medical Library Association, dos Estados Unidos.

Painel 5 - A comunicação científica nos tempos de open access: onde estamos e para onde vamos?

O processo de publicação de revistas e periódicos científicos mudou com a chegada da internet. Como outros setores, a comunidade científica percebeu que se suas publicações não estivessem na rede, “não existiriam”. Atualmente, quase todas as grandes revistas científicas estão na web. Mas a que preço?

Quando se discute a informação para todos - e a internet é um veículo desenhado para ser democrático em sua distribuição e acesso à informação - , não há como pensar que a ciência esteja fechada na web, disponível para poucos.

Daí a criação de movimentos como o open access, que defende o acesso gratuito dos artigos científicos publicados nas revistas eletrônicas.

Espera-se que os modelos relacionados com o open access convertam-se em modelo dominante em um futuro próximo, já que respondem aos interesses dos atores principais na estrutura da comunicação científica, isto é, autores, leitores, instituições financiadoras de pesquisa, e etc. Espera-se que a corrente principal (mainstream) da publicação científica de países desenvolvidos seja remodelada mais radicalmente nos próximos anos como conseqüência da adoção dos movimentos de open access.

Os editores privados e as sociedades científicas, especialmente dos países desenvolvidos, obtêm lucro com o negócio de revistas científicas. Eles adotarão o acesso gratuito às suas publicações na internet? Quais as alternativas para sua sobrevivência? Seguirão eles conduzindo a corrente principal da comunicação científica dos países desenvolvidos?

Nos países menos desenvolvidos o open access está surgindo como a melhor escolha para os editores para conseguir visibilidade, acessibilidade, qualidade, uso e impacto.

Haverá contribuição da rede internacional para o avanço, a abertura e, ainda, para substituir a atual corrente principal de editores científicos de países desenvolvidos? Os países menos desenvolvidos terão participação igualitária no acesso e na disseminação da informação e do conhecimento científico?

Esse importante tema da área da pesquisa científica e da política das ciências no mundo será discutido por especialistas que defendem o acesso aberto e mostram como é possível. O diretor da BIREME, Abel Packer, apresentará a experiência do SciELO, que além de manter suas revistas abertas, contribuiu para que muitas delas passassem a ser consideradas no mainstream científico.

Johannes Velterop, do Reino Unido, afirma que poder não é conhecimento acumulado, mas compartilhado. Ele aponta para uma forma de pensamento que interfere não só na área científica, mas em todas as relações sociais. O mundo vive hoje esta mudança de paradigma.

Painel 6 - As tecnologias de informação permitirão que todos sejamos autores e usuários, publicando e acessando à informação de nosso interesse?

O último painel do ICML9 fala sobre tecnologia da informação. As empresas de TIs concorrem dia a dia para criarem novas ferramentas que permitam que o usuário da internet seja também produtor na rede. Além disso, são essas ferramentas de tecnologia da informação que ganham espaço quando se fala em buscar informação relevante na internet.

A publicação de informação – via texto, áudio, vídeo, etc. – se torna cada vez mais simplificada. Quais são as iniciativas mais bem sucedidas na área de TI? Como essas tecnologias podem mudar ainda mais a relação da sociedade com sua saúde?

Para conversar sobre isso, dois dos principais casos de tecnologia da informação para o usuário leigo estarão presentes: Jimmy Walles, presidente da Wikimedia, criador da Wikipédia, a primeira enciclopédia escrita de forma colaborativa pelos internautas. E Anurag Acharya, responsável pelo Google Scholar, a ferramenta de busca que conseguiu fazer parte do cotidiano de 90% dos internautas e serve de comparação para outros buscadores.