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9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas

Salvador, Bahia - Brasil, 20 a 23 de setembro de 2005

BVS4

4ª Reunião de Coordenação Regional da BVS

19 e 20 de setembro de 2005

26/09/2005

Agentes locais de informação (painel 4)

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O novo papel do bibliotecário e as dificuldades de Ásia e África em produzir informação científica em saúde foram os principais destaques do painel 4 do ICML9

A sociedade da informação, as novas tecnologias e a internet vêm impondo ao profissional de biblioteconomia uma revisão de sua função e métodos de trabalho. Não mais bibliotecárias ou bibliotecários, mas “agentes de informação”, como já são conhecidos em outros países, nos quais passaram inclusive a integrar as equipes de saúde da família. No quarto painel do ICML9, além dos novos desafios impostos a estes profissionais, teve grande destaque a dificuldade dos países da Ásia e África na produção de informação científica de saúde.

 

M. J. Tooey, presidente da Medical Library Association, foi uma das conferencistas do painel As bibliotecas de saúde. Para ela, é preciso pensar em uma questão: “Biblioteca é um conceito físico ou filosófico?”. Se fosse físico, a internet realmente iria detonar o fim dos bibliotecários da área de saúde, mas, com o advento das novas tecnologias, o que Tooey ressalta é a necessidade de rever essa profissão. “É preciso aceitar o desafio dos novos métodos de trabalho, das ferramentas e instrumentos digitais. É preciso ser ágil, flexível, aberto a novas idéias e, principalmente, reconhecer o valor agregado da informação, de forma a poder ajudar os usuários a acessar informação de qualidade”, explica Tooey.

 

Articulação de fluxos locais e globais

 

Segundo Pedro Urra, diretor do Centro Nacional de Informação de Ciências Médicas e INFOMED (Red Telemática de Salud en Cuba), em Cuba, estes profissionais já se adaptaram aos novos tempos. Lá, estão ligados às equipes de saúde da família, atuando como técnicos de informação e conhecimento, articulados com as comunidades. Urra apresentou aos congressistas a importância de articular os fluxos locais com os fluxos globais de informação já que, para ele “ter acesso aos fluxos globais de informação não é suficiente para melhor a saúde da população”. Integrados às equipes de saúde da família (chamado de Policlínicos, em Cuba), os agentes de informação/ bibliotecários são atores importantes na articulação entre informação local e global, um desafio para os países da África e da Ásia.

 

De acordo com os conferencistas Najeeb Al-Shorbaji, coordenador do Health Information Support e do Escritório Regional do Leste Mediterrâneo da OMS, e Anjana Chattopadhay, Diretora da Biblioteca Médica Nacional da Índia, o acesso a publicações de medicina e bibliotecas virtuais, alguns destes países, como a Índia, até já têm. Mas em número muito inferior aos dos países do Hemisfério Norte e na maior parte deles, restritos à MEDLINE.

 

Além da escassez de recursos, da dificuldade de acesso à energia elétrica e falta de pessoal qualificado, o desafio destes países é conseguir articular as perspectivas globais de saúde com as locais. Para melhorar a qualidade de saúde da população, é importante ter acesso a dados e informações que realmente reflitam as realidades locais. “Se você for procurar agora em algumas destas publicações médicas científicas o índice de mortalidade infantil da Índia, dificilmente vai encontrar a informação”, finaliza Anjana Chattopadhay.